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- Convenors:
-
Paulo Mendes
(UTAD)
Humberto Martins (CRIA-UMinho)
- Location:
- Auditório 1, Ciências Veterinárias (Map 30)
- Start time:
- 10 September, 2013 at
Time zone: Europe/Lisbon
- Session slots:
- 2
Short Abstract:
Porque escolhemos um objecto, um terreno e não outro? O que condiciona essa escolha? Motivações e interesses pessoais? Atracção por uma geografia, uma paisagem ou um cultura? Sensações? Experiências? Contextos académicos? Problemáticas sociais? Urgência? Financiamentos?…
Long Abstract:
Partindo da noção de "objectivação participante" de P. Bourdieu, mas não negando as virtualidades duma abordagem mais interpretativa, propõe-se como tema para o painel a análise das condições sociais de possibilidade para a escolha dos objectos de investigação, dos terrenos, portanto. Isto é, a selecção de objectos de pesquisa não é alheia a efeitos e limites socialmente constituídos nem a dimensões subjectivo-experienciais, contudo quase sempre excluídos da reflexão antropológica. Assim, a reflexão sobre estas relações de dependência entre objecto, circunstâncias pessoais e contextos de produção de conhecimento, poderá esclarecer como estão intimamente interligadas as escolhas dos diferentes terrenos com tendências, interesses pessoais, reconhecimento de problemáticas sociais, escolas académicas, condicionamentos políticos, etc., e que, em última análise, também delimitam e constroem o próprio terreno/objecto e as nossas etnografias.
Sendo este facto ⎯o terreno é culturalmente construído⎯ tão essencial e significativo para as etnografias que produzimos, porque ficam tão poucos dos seus traços na literatura etnográfica?
Através de uma "etnografia dos etnógrafos" poderemos colmatar esta lacuna e, simultaneamente, esclarecer o que nos atrai na ciência que praticamos e o lugar, a relevância, do trabalho de campo na definição da própria disciplina e nas nossas experiências pessoais.
Pedem-se, assim, contributos que reflictam sobre esta permeabilidade entre o pessoal e contextos de produção de conhecimento. São benvindos todos contributos, independentemente do seu objecto/terreno.
Accepted papers:
Session 1Paper short abstract:
A comunicação tem um objectivo duplo: por um lado tenta avaliar o modo como a experiência de ruralidade do investigador tem sido importante no momento de escolher o terreno; por outro lado, explorar o modo como a segmentação das relações no terreno se reflectem na produção do conhecimento etnográfico.
Paper long abstract:
Diz-se que a escolha do terreno pode ser uma das fases mais stressantes do trabalho de campo, associada normalmente à avaliação de vários de factores que é necessário ponderar; mas também se referem casos em que o investigador sabe inequivocamente, desde o inicio, onde é o 'seu' terreno e outros há, como Geertz, que dizem ter 'tropeçado' no terreno. Também é certo que as muitas duvidas que se podem colocar sobre a escolha do terreno, ficaram durante muito tempo ausentes da escrita etnográfica. Sobretudo razões pessoais - familiares, financeiras etc. - ganham visibilidade nas últimas décadas. Pretendo, a partir da avaliação da literatura e utilizando o meu percurso na pesquisa etnográfica, explorar alguns destes aspectos, designadamente, o modo como a minha origem rural influenciou a escolha do terreno - quase sempre em contextos rurais - e de uma certa forma, antecipou a presença no mesmo.
A pesquisa etnografia em contextos rurais deve considerar características que decorrem da apertada malha de relações sociais que definem comunidades onde o interconhecimento é generalizado. A presença do antropólogo, rapidamente notada e comentada, faz parte de um processo que, no meu caso, foi da desconfiança até à criação de um conjunto de expectativas sobre os reais motivos da presença no grupo. Estas expectativas revelaram-se muitas vezes determinantes no modo como as pessoas construíram esta presença e foram consequentes na produção do conhecimento etnográfico. Os primeiros contactos estabelecidos, a dependência emocional do antropólogo relativamente a algumas pessoas, numa estratégia de 'imitação da vida de casa, no 'campo'' serão discutidas.
Paper short abstract:
Refectirei sobre o modo como determinadas interpelações – sobre características do etnógrafo, postas em destaque pelo etnografado – constituem ocasiões decisivas para repensar o objecto de estudo, acentuando o entrosamento entre a experiência pessoal e a actividade científica.
Paper long abstract:
Nestas interpelações debato-me com uma encruzilhada de temas que são os da minha pesquisa (cabo-verdianidade, crioulização, colonialismo) e ao tentar situar-me no terreno, vou perspectivando diferentemente o meu projecto de investigação sobre a história colonial e os processos de construção identitária em Cabo Verde.
Sendo recém-chegada e branca sou muitas vezes tratada como "estrangeira". Posso também ser "portuguesa", mesmo antes de pronunciar qualquer palavra. Sou filha e neta de portugueses que nasceram e viveram em Cabo Verde, o que me transporta para um passado colonial. Também eu nasci em S. Vicente, apesar de ter sempre vivido em Portugal. A juntar a isto, está ainda outro catalisador decisivo: falo crioulo. E quando falo crioulo sou questionada sobre a minha identidade "crioula". Aparentemente, porque frequentemente me dizem, falo muito bem crioulo, o que parece acentuar, a par do meu local de nascimento, a minha "crioulidade".
Afinal o que é ser branca, portuguesa, "mondronga", estrangeira, e simultaneamente "crioula", nas suas várias acepções semânticas, no terreno?
Este ricochete classificatório faz-me oscilar entre dois estados: ou pondo em evidência a minha exterioridade e não-pertença ao lugar, ou inversamente, integrando-me umbilicalmente e "culturalmente".
A partir daqui, pretendo reflectir sobre a vertente biográfica de ligação ao terreno e de como ela se vai reformulando no terreno, sublinhando a dimensão processualista e intersubjectiva do conhecimento e destacando a importância das relações sociais no seio das quais vamos redefinindo as próprias categorias seguindo novas pistas metodológicas. Afinal, quais as consequências, ao nível da produção de conhecimento, da imersão etnográfica?
Paper short abstract:
Este trabalho se propõe a analisar as tensões entre o “racional” e o “emocional” para analisar, comparativamente, as opções em torno do recorte do objeto e das definições do lócus de pesquisa, nas quatro pesquisas que realizei entre os anos de 2001 e 2013, bem como seus impactos metodológicos.
Paper long abstract:
A permanente escolha do "inusitado" em minha trajetória de investigador talvez tenha constituído uma possibilidade, mais do que isso uma necessidade, de problematizar as motivações de determinadas opções, seja do objeto, seja do lócus de pesquisa. Seja em meu doutorado, cujo trabalho de campo foi realizado em uma comunidade naturista; no pós-doutorado, desenvolvido entre cavaleiros e amazonas do Rio de Janeiro e Montevidéu; na primeira pesquisa como professor universitário, feita com velejadores, no qual "o campo era o mar" ou no atual projeto de investigação entre atletas paralímpicos, optei por objetos que nunca, ou praticamente nunca, tinham sido abordados pela Antropologia brasileira. Além disso, a necessidade de se reafirmar permanentemente a "relevância" destes trabalhos - o que nem sempre acontece quando se estuda os objetos "canônicos" da disciplina - implicou em uma permanente atenção sobre as interações entre o "racional" e o "emocional" na definição de nossas agendas de pesquisa e a necessária reflexão sobre a desqualificação deste último, como aponta Lutz (1990) como sendo uma das motivações para que os aspectos mais subjetivos, não apenas na construção dos terrenos de pesquisa, mas no próprio desenvolvimento do trabalho de campo e posterior elaboração do texto etnográfico no qual o "anthropological blues" (DaMatta, 1987) deve ser direcionado para os bastidores das conversas de corredor dos encontros acadêmicos. Neste trabalho, portanto, pretendo analisar comparativamente estes quatro momentos de minha trajetória de pesquisador, procurando inserir um pouco da "carne, do sangue e do espírito" no "esqueleto" (Malinowski, 1986) de nossas reflexões metodológicas.
Paper short abstract:
Esta comunicação parte da minha experiência no Arquivo Nacional da Imagem em Movimento da Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema, onde tenho desenvolvido, desde Março de 2012, uma pesquisa sobre o filme turístico, para reflectir sobre a ideia do arquivo como um terreno antropológico.
Paper long abstract:
A ideia do arquivo como um terreno antropológico não é nova. A minha proposta, algo experimental, vai no sentido de ir para além da metáfora, a fim de explorar as relações que se estabelecem in loco entre a investigadora e (1) o espaço (físico e humano) em que se move; (2) as tecnologias de projecção de imagem em movimento (nomeadamente, a moviola); e (3) as imagens em movimento. Argumentarei que esta forma de conceber o arquivo tem importantes consequências para o modo como o objecto (o filme turístico; o turismo em filmes) é abordado, colocando em causa conceitos como o 'olhar turístico' e o 'imaginário', que costumam definir e delimitar o estudo da relação entre turismo e visualidade. Neste exercício de (tímida) auto-reflexão, questionarei se é a investigadora que escolhe o terreno, em função do objecto que estuda, ou se é ela que é 'escolhida', a partir do momento em que reconhece ao próprio arquivo/terreno uma multiplicidade de modos de ser 'compreendido' (no sentido racional e espacial do termo) aos quais tem de se reajustar, a si e às teorias que estiveram na base do seu projecto.
Paper short abstract:
In this paper I would like to present reasons, which will indicate why I chose the Portuguese anthropology as a object of my research and the issue of my PhD project. Moreover, it is important to depict that I am polish young anthropologist who studied and grow up in context of polish anthropological school.
Paper long abstract:
The purpose of my presentation is giving a picture of motivations and reasons why I select the Portuguese anthropology as my object of research.
I studied one year as a Erasmus student on UTAD. I had enough time to cognize and experience Portuguese culture and way of thinking. I fell in love in so different culture than mine. The significant asset was that I lived and studied in small city which was distant and isolated from other part of country so I could meet archaic way of behaving, without influence of immigrants' culture like in the Lisbon or Porto. What is important, got to know: regional kitchen, folklore, language and I could compared them with other regions. I adore these heterogeneity.
I decided to write my PhD about the Portuguese anthropology because it is science which studies culture and society. Portuguese and Polish anthropologies are not from mainstream. Although both are peripherals, they seem to be miscellaneous. That is why, I was curious how Portuguese history, culture and geographical location influenced on development of Portuguese anthropology. I supposed that Portuguese anthropologist had got significant achievements as researchers in colonies and have a lot of artefacts. I was interesting how developed science in the country without second World War and communism. It is important, how anthropologists make their fieldworks, what issues are the most important and why. If they make their research in Portugal or also abroad and why? What are trends in the contemporary anthropology?