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Accepted Paper:

Ambivalências identitárias: classificações do etnógrafo e do etnografado  
Carmo Daun e Lorena (ICS)

Paper short abstract:

Refectirei sobre o modo como determinadas interpelações – sobre características do etnógrafo, postas em destaque pelo etnografado – constituem ocasiões decisivas para repensar o objecto de estudo, acentuando o entrosamento entre a experiência pessoal e a actividade científica.

Paper long abstract:

Nestas interpelações debato-me com uma encruzilhada de temas que são os da minha pesquisa (cabo-verdianidade, crioulização, colonialismo) e ao tentar situar-me no terreno, vou perspectivando diferentemente o meu projecto de investigação sobre a história colonial e os processos de construção identitária em Cabo Verde.

Sendo recém-chegada e branca sou muitas vezes tratada como "estrangeira". Posso também ser "portuguesa", mesmo antes de pronunciar qualquer palavra. Sou filha e neta de portugueses que nasceram e viveram em Cabo Verde, o que me transporta para um passado colonial. Também eu nasci em S. Vicente, apesar de ter sempre vivido em Portugal. A juntar a isto, está ainda outro catalisador decisivo: falo crioulo. E quando falo crioulo sou questionada sobre a minha identidade "crioula". Aparentemente, porque frequentemente me dizem, falo muito bem crioulo, o que parece acentuar, a par do meu local de nascimento, a minha "crioulidade".

Afinal o que é ser branca, portuguesa, "mondronga", estrangeira, e simultaneamente "crioula", nas suas várias acepções semânticas, no terreno?

Este ricochete classificatório faz-me oscilar entre dois estados: ou pondo em evidência a minha exterioridade e não-pertença ao lugar, ou inversamente, integrando-me umbilicalmente e "culturalmente".

A partir daqui, pretendo reflectir sobre a vertente biográfica de ligação ao terreno e de como ela se vai reformulando no terreno, sublinhando a dimensão processualista e intersubjectiva do conhecimento e destacando a importância das relações sociais no seio das quais vamos redefinindo as próprias categorias seguindo novas pistas metodológicas. Afinal, quais as consequências, ao nível da produção de conhecimento, da imersão etnográfica?

Panel P33
Objectivação participante e a Escolha do Terreno
  Session 1