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- Convenors:
-
Filipa Fernandes
(University of Lisbon, Universidad de Salamanca)
Carina Gomes (Universidade de Coimbra)
- Location:
- A1.11, Reitoria/Geociências (Map 10)
- Start time:
- 10 September, 2013 at
Time zone: Europe/Lisbon
- Session slots:
- 3
Short Abstract:
Este painel tem por objetivo analisar a criação, transformação e difusão de imaginários turísticos, sua multi-dimensionalidade e significado na produção do turismo. Importará analisar as várias práticas relacionadas com tais processos e atores envolvidos.
Long Abstract:
Como é que agendas turísticas e políticas de promoção dos lugares têm criado imagens exóticas e, apelativas do outro? Os contributos de alguns autores como Christine Boyer, Tom Selwyn ou Arjun Appadurai são ricos em pistas que poderão esclarecer acerca desta matéria. Estas imagens são a pedra basilar da indústria turística. Disseminadas através das brochuras turísticas, das páginas Web, dos postais, dos guias de viagem, dos vídeos promocionais, dos programas televisivos, etc., estas imagens constroem Outros 'míticos' para o consumo turístico. Este conjunto de imagens turísticas projeta-se na 'mediascape' global contribuindo para a formação de imaginários partilhados sobre os lugares. Por descortinar fica a relação que tais imaginários, como representações sociais, mantêm com os lugares reais, vividos, e não apenas visitados.
Os imaginários turísticos, como nexos de práticas sociais por meio dos quais os indivíduos e grupos se cruzam para estabelecer um local como um destino credível, bem como as formas como tais imaginários são re-criados, transformados e difundidos são questões que ainda não foram totalmente explorados ou definidos, havendo, por isso, oportunidade para discussão e produção de conhecimento.
Face às questões teóricas explanadas, este painel convida a apresentação de trabalhos relacionados com: o turismo enquanto sistema de produção de imagens dos lugares; processos e mecanismos de construção de narrativas turísticas; elementos caracterizadores dos imaginários turísticos e seu confronto com outras narrativas dos lugares; reflexões acerca dos espaços e escalas geográficas das representações, práticas e atores envolvidos na produção dos imaginários turísticos.
Accepted papers:
Session 1Paper short abstract:
Imagens da prostituição no Brasil são exportadas pela mídia através da promoção turística, entre outros eventos. Atraem turistas que visam a satisfação sexual com brasileiros. A pesquisa trata das imagens que evidenciam corpos nus, disponíveis e exóticos.
Paper long abstract:
Tratam-se dos resultados parciais de uma pesquisa exploratória sobre turismo sexual e imagens da prostituição no Brasil, exportadas pela mídia através da promoção turística, eventos como o Carnaval e nossas telenovelas. Justamente essas imagens atraem muitos turistas que visam a satisfação sexual com brasileiras e brasileiros. A pesquisa exploratória compreende um apanhado sobre a imagem internacional do Brasil como destinação turística onde os corpos se apresentam nus, disponíveis e tremendamente exóticos. A metodologia empregada esmiúça os discursos, as políticas públicas e as imagens fartas e facilmente localizadas na mídia impressa, meios audiovisuais e websites. Bem como a "indústria da prestação de serviços sexuais" servida por uma ampla gama de profissionais do trade turístico.
Palavras - chave: turismo sexual, imagem, exploração sexual.
Paper short abstract:
Propõe-se pensar as ressonâncias práticas e simbólicas da intervenção urbana que resultou na configuração “Orla de Atalaia”, uma estratégia política para simular determinada estética das praias do nordeste brasileiro, não encontrada nas “escuras” águas da Praia de Atalaia.
Paper long abstract:
As intervenções urbanas em muitas cidades brasileiras e estrangeira constituem um dos temas mais importantes e atuais da Antropologia Urbana contemporânea. Tais intervenções alteram a imagem da cidade mediante uma requalificação dos usos de convívio cotidiano, tendo em vista a tentativa de criação de espaços ordenados e atrativos a práticas de consumo, lazer e turismo. O espaço da cidade que importa à presente reflexão é o da "Praia". A Praia de Atalaia, localizada na cidade de Aracaju, estado de Sergipe, tem sido alvo de um profundo, extenso e inacabado processo de intervenção urbanística e arquitetônica que resultam na alteração da paisagem urbano-ambiental. De uma longa extensão de praia praticamente deserta e sem infra-estrutura praiana, a Orla se transformou num aglomerado difuso, com edificações variadas, destinadas a diferentes usos e finalidades. Transformada em uma nova centralidade da cidade, a Orla se tornou ponto de diferentes sociabilidades, em função de sua transformação em um espaço predominantemente voltado às práticas de lazer e consumo. Nesse sentido, propõe-se pensar as ressonâncias práticas e simbólicas da intervenção urbana ocorrida na Praia de Atalaia, que resultou na configuração "Orla de Atalaia", um complexo de entretenimento que retém simbolicamente a cor Azul do mar, uma estratégia política para simular determinada expectativa estética das praias do nordeste brasileiro, não encontrada nas "escuras" águas da Praia de Atalaia.
Paper short abstract:
O trabalho apresenta uma análise histórico, sociocultural das políticas públicas do turismo religioso do RN-Brasil. Discute ações do programa Regionalização do Turismo, a exemplo do PROTEDUTUR/NE relacionado às políticas eclesiais a partir da construção de novos Santuários Católicos no estado do RN.
Paper long abstract:
Localizado no Nordeste brasileiro, o estado do Rio Grande do Norte-RN destaca-se no mercado turístico nacional e participa do Programa de Regionalização do Turismo - Roteiros do Brasil implementado pelo Ministério do Turismo desde 2003.
No que diz respeito ao segmento do turismo religioso, o trabalho destaca o processo de criação de Complexos Turísticos Religiosos a partir da construção de novos Santuários Católicos no sentido ampliar e divulgar a fé católica em "lugares sagrados". Segundo a EMBRATUR (Empresa Brasileira de Turismo) o turismo religioso está ligado aos eventos promovidos pelas religiões institucionalizadas. A Igreja católica funda a pastoral do turismo aberta a turistas e peregrinos e define evangelizar o mundo do turismo. Uma realidade estudada com base empírica e teórica que indica o uso e mudanças de comportamentos.
Investiga as politicas públicas de fomento para um turismo religioso em cidades cuja tradição religiosa local, torna-se álibi das politicas de turismo capazes de implantar projetos, alterar comportamentos e impactar a cultura local.
Para analisar este processo, faz-se referencia ao Santuário de Santa Rita localizado na cidade Santa Cruz / RN-Brasil, construído em 2007 e as mudanças causadas nas tradicionais celebrações religiosas, a partir da construção do Complexo Turístico Religioso Alto de Santa Rita, onde figura uma estátua imponente com 56 metros de altura. A análise das atividades e projetos desenvolvidos no âmbito do turismo religioso local contribuirá para que se identifique as possibilidades e desafios dos governos locais na atuação nacional e internacional.
Paper short abstract:
Esta apresentação pretende demonstrar como a artificialidade dos destinos turísticos, concebidos como loci míticos, adquire um cariz particularmente marcante em regimes políticos nacionalizantes, como o autodesignado Estado Novo português.
Paper long abstract:
"O nosso país é, de facto, todo ele, uma impressionante exposição de turismo nacional. Se amanhã alguém pretendesse construir, numa grande maqueta, o país ideal do - turismo, não teria mais do que realizar o diorama pitoresco de Portugal."
António Ferro
As palavras em epígrafe foram pronunciadas por António Ferro, em fevereiro de 1940, perante uma assembleia de representantes das juntas e das comissões de turismo que visitava as instalações do Secretariado da Propaganda Nacional, e evocam as iniciativas agenciadas por aquele que foi o principal responsável pela criação e pela divulgação da imagem de Portugal, também enquanto destino turístico, entre 1933 e 1949. Tais diligências são bem elucidativas do modo como as representações turísticas resultam da manipulação de fatores diversos, cujo propósito é a arquitetura de lugares alegadamente exóticos e paradisíacos que visam atrair o Outro.
Com recurso a alguns documentos de divulgação turística produzidos na década de Trinta, do século XX, em Portugal, pretende-se, com esta apresentação, demonstrar o modo como, em plena implementação do regime totalizante do Estado Novo, as estratégias de representação de Portugal como palco de movimentações turísticas teimavam em apresentar um espaço simultaneamente uno e heterogéneo. Esse propósito, claramente ideológico, acaba por condicionar ainda mais a criação do destino turístico, elevando-a a uma condição de artificialidade que quase o aproxima dos "não-lugares" de Marc Augé.
Paper short abstract:
A proposta é refletir sobre a cidade de Florianópolis travestida para sua venda dentro do mercado de cidades turísticas. Através da imprensa é possível analisar a construção das várias faces de Florianópolis, quem deve vir e o que deve aproveitar da cidade e os investimentos que devem ser feitos.
Paper long abstract:
Na segunda metade do século XX, o Brasil passou por um acentuado processo de transformações urbanas, que implicaram em rápidas mudanças na maneira de viver e sentir a cidade por seus habitantes. Cada cidade produziu diferentes formas de experimentos para esses caminhos de modernização. Florianópolis, por exemplo, que é a capital do estado de Santa Catarina, vivenciou durante a década de 1970 intensas transformações que podem ser analisadas a partir da narrativa produzida pela imprensa diária.
É neste período também, que uma nova imagem de Florianópolis começa a ser projetada: a de cidade turística. A capital catarinense passou a ser representada na mídia como a cidade do "lazer" ou do "ócio", muitas vezes, associada às suas belezas naturais. Ao mesmo tempo em que o turismo sugere uma alternativa para novos ganhos, ele também expõe problemas como a falta de infraestrutura. Esse trabalho pretende discutir, através do jornal "O Estado", o turismo no quadro das modificações urbanas impulsionadas pelo período que ficou conhecido como "milagre" econômico brasileiro (1968-1971) e suas reverberações na imprensa diária acerca das expectativas e realizações do turismo na cidade.
Palavras-chave: Cidade; Turismo; Florianópolis.
Paper short abstract:
Desde los años 60 Portmán se fue convirtiendo, para sus vecinos, en un destino turístico sin necesidad de recibir a ningún turista. En esta población podemos estudiar cómo se entretejen los discursos que construyen, no sin conflicto y negociación, el turismo como horizonte de desarrollo deseable.
Paper long abstract:
Portmán es una pequeña población del mediterráneo murciano históricamente dedicada a la minería y a la pesca. La multinacional Peñarroya explotó las minas a cielo abierto de la sierra de Cartagena-La Unión desde los años cincuenta hasta 1988, vertiendo al mar unas cincuenta millones de toneladas de estériles mineros mezclados con reactivos químicos y colmatando por completo la bahía a la que se asomaba el pueblo.
Cuando en los años sesenta poblaciones muy próximas, como La Manga o las ribereñas del Mar Menor, comenzaron a ser explotadas como destino turístico, algunos vecinos de Portmán comenzaron a lamentar las cada vez más visibles consecuencias del vertido de estériles sobre sus posibilidades de desarrollo turístico. Si en un primer momento el conflicto y la negociación se establecieron entre el discurso minero y el turístico, desde los años noventa, al desaparecer las explotaciones mineras, serán variantes del discurso turístico las que se enfrenten y negocien sobre el futuro de la población.
El tejido asociativo vecinal, característica distintiva del Portmán, ha aceptado el turismo como eje fundamental de recuperación ambiental y desarrollo económico. Pero demostrando que los procesos de hegemonía no están exentos de conflictos trata de imponer su derecho al control del desarrollo turístico y la compatibilidad de este con la práctica de la pesca tradicional. El estudio de cincuenta años de conflictos alrededor de Portmán en la prensa escrita regional nos ha permitido analizar las diferentes narrativas y sus transformaciones, ayudándonos a entender la construcción de un imaginario turístico (aún sin turistas).
Paper short abstract:
La población indígena de Los Altos ha entrado en el juego de la escenificación turística y recrea el imaginario del ancestral y exótico mundo maya. Los indígenas escenifican una cultura adecuada para el consumo turístico, a la vez que toman nuevas posiciones sociales e identitarias en la región.
Paper long abstract:
La región de Los Altos se ha convertido en uno de los destinos turísticos más importantes del estado de Chiapas y forma parte del complejo turístico catalogado como "mundo maya" que une destinos del sureste de Chiapas junto a otros en los estados de Campeche, Quintana Roo, Tabasco y Yucatán. En las zonas del "mundo maya" se promociona el ecoturismo y el turismo étnico y cultural: paisajes naturales, zonas coloniales y arqueológicas, y una población autóctona portadora de una cultura ancestral y milenaria. En esta recreación turística participan numerosos agentes; empresarios, políticos y guías turísticos, además de los propios habitantes locales que han contribuido a recrear la representación del imaginario maya para el consumo turístico. En este trabajo se indaga en las representaciones mayas de la población indígena para cumplir con los imaginarios sociales de los turistas. El trabajo presenta como los indígenas, a través de lo exótico y atemporal, revaloran ciertas prácticas, rituales y objetos para la demanda turística. Se habla tanto de la mercantilización de la cultura como del empoderamiento de ciertos sectores indígenas que controlan el proceso de escenificación turística. Se van a comparar tres espacios turísticos: la ciudad de San Cristóbal como lugar turístico y de servicios, y dos comunidades indígenas, San Juan Chamula y Zinacantán, que poseen tours planificados desde la ciudad.
Paper short abstract:
Tomando como estudo de caso a indústria turística em Tróia, pretendo analisar como a utilização do local para práticas recreativas foi sofrendo alterações devido à emergência da indústria turística no local e como a narrativa turística produziu uma contra narrativa que reprova o turismo.
Paper long abstract:
A noção de turismo alterará a concepção das práticas de lazer? A presença da indústria do turismo de alguma forma exclui ou selecciona a frequentação do local? Pretendo, baseada numa etnografia de recolha de memórias, analisar como a utilização da Península de Tróia para práticas recreativas foi se alterando devido à emergência da indústria turística no local e como essa emergência produziu uma memória colectiva que reprova o turismo.
Sendo assim, e apoiando-me em Bourdieu (1989) que diz que o consumo do espaço físico e social pode ser uma das formas de ostentação de poder, é possível ver como a construção de infra-estruturas é por si mesma uma forma simbólica de afirmação de poder. A urbanização é a concretização de projecções turísticas e, por isso, simbolicamente reafirma que Tróia já não faz parte do domínio publico, o que provocou sensação de mal-estar dos habituais veraneantes.
Em Tróia deu-se uma reutilização do local com a transformação do seu propósito e do seu público que se relaciona com uma nova forma de atribuição de significados ao local através da implementação de conteúdos turísticos. Assim, o corte da relação entre Setúbal e Tróia devido ao desconforto e à sensação de não identificação com o local influenciou a forma como Tróia veio a ser relembrada. Podemos até afirmar que há uma memória ferida associada à ideia de "roubo" do espaço público influenciada pela não só pela emergência do turismo como pela narrativa turística que construiu uma nova imagem para aquela península.
Referências bibliográficas:
BOURDIEU, Pierre, 19989, O Poder Simbólico, Lisboa: Difel