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- Convenors:
-
Octávio Sacramento
(Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro - Centro de Estudos Transdisciplinares para o Desenvolvimento)
Miguel Vale de Almeida (ISCTE, Lisbon)
Fernando Bessa Ribeiro
- Location:
- Auditório 1, Reitoria/Geociências (Map 10)
- Start time:
- 10 September, 2013 at
Time zone: Europe/Lisbon
- Session slots:
- 3
Short Abstract:
Os contextos e as circunstâncias da pesquisa antropológica são, hoje, muito distintas daquelas em que nasceu o trabalho de campo etnográfico, há quase um século. É, justamente, o sentido destes mudanças e os seus efeitos epistemológicos no modo de fazer terreno que procuramos debater neste painel.
Long Abstract:
Em Routes: Travel and Translation in the Late Twentieth Century, Clifford argumenta que a ideia de trabalho de campo está a ser redefinida, em especial os conceitos fundamentais de interacção, co-residência e viagem. Conquanto ele mantenha, como sempre, uma função disciplinar central na antropologia social, hoje são outros os modos de fazer trabalho de campo. As abordagens clássicas, centradas no estudo intensivo e praticamente exclusivo de um lugar e de uma comunidade, imaginados como totalidades integradas e autónomas, vivendo o antropólogo com os nativos na sua aldeia, como o praticou Malinowski, já não são capazes de dar conta das teias densas de relações sociais, muitas de dimensão global e transnacional, que marcam o quotidiano. Novos estilos de vida e suas práticas culturais, incluindo no campo comunicacional, multiplicaram e fluidificaram os terrenos etnográficos: são os novos lugares, incluindo os virtuais da internet, mas também os processos relacionados com as viagens turísticas e as deslocações de trabalhadores e refugiados nos e sobre os quais se trabalha.
Tais lugares e processos suscitam dúvidas, interpelações e respostas que se exprimem em outros modos de fazer trabalho de campo. Este painel pretende reunir comunicações de antropólogos e outros cientistas sociais que, tendo por base pesquisas etnográficas já concluídas ou em curso, confrontem o auditório com as soluções engendradas para o trabalho de campo nestes novos contextos, temas e problemas que concorrem para o redefinir.
Accepted papers:
Session 1Paper short abstract:
Esta comunicação reflete sobre a produção etnográfica desenvolvida no quadro de um projeto de investigação (em curso) sobre “Desenvolvimento Científico e Inovação Empresarial” e discute as potencialidades da etnografia colaborativa em contexto empresarial.
Paper long abstract:
Propomos refletir sobre a produção etnográfica (Sarró e Lima 2006) desenvolvida no âmbito de um estudo (em curso) que pretende explicar como se produz conhecimento/inovação. O estudo centra-se na análise da construção, transformação e desintegração de redes sociais que envolvem Estado, universidades, unidades de investigação, empresas e outras organizações direta e indiretamente implicadas no processo de criação, concretização e difusão de conhecimento/inovação e inclui a realização de estudos etnográficos em empresas e centros de investigação. Nesta comunicação centramo-nos no "terreno" das empresas com o intuito, precisamente, de refletir acerca do modo como aquelas empresas se converteram em terreno etnográfico. Propomos, portanto, uma análise ao processo de produção etnográfica, questionando os procedimentos de investigação adotados para realizar etnografia naquelas empresas focando na forma coletiva e partilhada que o caraterizou. Embora a imagem romântica do trabalho de campo como empreendimento solitário prevaleça no imaginário da disciplina (Elfimov 2010), sabemos que a etnografia é também praticada/produzida em equipa (como de resto aconteceu no passado). Todavia, não abundam reflexões sobre etnografia colaborativa onde um grupo de investigadores circula e discute materiais, documentos e experiências que resultam do terreno (vd. Fornas et all 2007). Acerca da discussão sobre novos modos de fazer etnografia propomos refletir criticamente sobre as seguintes questões: como pensamos e construímos as empresas estudadas enquanto terreno? Como se produz etnografia sobre "processos de inovação"? Quais as vantagens e desvantagens da etnografia colaborativa na produção etnográfica em contexto empresarial e para além deste?
Paper short abstract:
A proposta de um estudo no domínio artístico sobre as Filarmónicas da Ilha Graciosa desafia-me a abandonar Lisboa e deslocar-me para os Açores para residência prolongada. Primeiro: aproximação, interação, empatia. Depois, quem sou eu: Instrumentista, Professora, Antropóloga ?
Paper long abstract:
O interesse significativo pelas práticas musicais - que se desenvolveu com a frequência dos conservatórios de música desde a infância - revelou ser um território familiar que não tardou em ficar a descoberto durante o percurso académico em Antropologia. Na sequência desse interesse e a recomendação de um olhar sobre um dos mais complexos rituais que integram o calendário cerimonial de Portugal, as Festas do Divino Espírito Santo nos Açores, surgiram questões em torno da representatividade e da visibilidade que as filarmónicas assumem para a população local nas suas diversas manifestações.
Surgiu assim a proposta de desenvolver um estudo no domínio musical e artístico sobre as Bandas Filarmónicas da Ilha Graciosa, nos Açores. Esta pesquisa propôs-se desenvolver um estudo no seio da Filarmónica Recreio dos Artistas - sediada na freguesia de Santa Cruz da Graciosa - centrando o estudo dos processos de sociabilidade e identidade a ela associadas visando também reflectir e compreender a lógica da sua construção e operacionalização em contextos de performance.
O contacto pessoal com os intervenientes das filarmónicas, a realização de inquéritos, a realização de entrevistas, a participação e acompanhamentos das actividades e ensaios das filarmónicas entreviram-se, à primeira vista, como opções óbvias para complementar o trabalho de campo deste estudo realizado entre Outubro de 2010 e Junho de 2011.
É justamente a partilha de experiências, as conclusões e o modo de fazer trabalho de campo adoptado neste estudo que procuro apresentar para discussão.
Paper short abstract:
Apresentarei apontamentos iniciais de meu trabalho de campo online com os devotos Hare Krishnas de Lisboa em que a internet surge como um importante canal de comunicação na dinâmica entre eles, além de tornar-se também um espaço em que algumas barreiras da relação pesquisador/pesquisado se diluem.
Paper long abstract:
A internet, através das redes sociais, vem proporcionando novas formas de interação entre os mais diferentes grupos sociais. Estas interações rompem barreiras territoriais, ao mesmo tempo que buscam adaptar-se a um contexto fluido, em constantes (re)significações destes espaços. Os devotos Hare_Krishnas fazem constante uso da internet não só como meio de comunicação, mas também de pregação. A presença online reflete-se através de redes sociais como o facebook e o youtube, e também na realização de cursos e canais de TV online. O aspecto transnacional do movimento Hare_Krishna reflete-se não só na composição de uma comunidade com diferentes nacionalidades, como numa trajetória de constante mobilidade entre templos que se reflete online.
Nesta comunicação apresentarei apontamentos iniciais de meu trabalho de campo com devotos de Lisboa em que a internet apresenta-se como um importante canal de comunicação na dinâmica entre eles e o movimento Hare_Krishna como um todo, além de tornar-se também um espaço em que algumas barreiras da relação pesquisador/pesquisado se diluem. Parto do princípio de uma continuidade entre o off-line e o online, sem que um seja visto como contexto do outro (Miller&Slater, 2004), ou seja, em que o mundo virtual não é somente uma recriação e simulação do mundo real, mas parte de um mesmo cotidiano. (Boellstorff, 2008) Proponho portanto demonstrar como a interação online faz parte da prática devocional dos devotos Hare_Krishnas de Lisboa, refletindo não só estas práticas, como permitindo posicionamentos políticos e sociais, apontando também para novas discussões entre o público e o privado (Ingalls, 2013).
Paper short abstract:
A proposta desse artigo surge a partir reflexões sobre o movimento de busca pela África pelos membros do candomblé: a chamada reafricanização do candomblé. Trabalharemos um sentido que potencialize os "conceitos nativos" sobre África como eles se articulam dentro da retomada do culto de Ifá.
Paper long abstract:
"A África para nós esta em nosso destino " Babalawo Ifadipo
O uso do advérbio "como" na frase na oração "África como destino" permite uma abertura a diferentes campos semânticos na mesma oração. No sentido adverbial entende-se que na frase "África como destino" exprima a ideia de um determinado ponto ou local ao qual se pretende chegar por meio de uma viagem. Esse primeiro sentido remetemos ao movimento feito por diversos membros de religiões de matriz africana do Brasil e alhures que têm se deslocado para cidades nigerianas para iniciarem-se no culto de Ifá, em busca de elementos contemporâneos do culto às divindades iorubanas que teriam "sido perdidos" na diáspora. Uma segunda leitura seria de África "como se fosse" um destino, nesse sentido teríamos uma aproximação com o conceito nativo de "destino" pois é a partir da leitura de seus "odus", seus "caminhos", que elas justificam essa viagem de retorno para este território Todas essas opções serão desenvolvidas na análise que se segue. São os seus desdobramentos teóricos possíveis e as reflexões que suscitam no intercruzamento de significações da pesquisa em campo, o interesse maior desse trabalho.
Paper short abstract:
Esta pesquisa buscou investigar se as teses psicanalíticas sobre o chiste e o cômico podem ajudar a compreender o humor na umbanda (um culto de possessão afro-brasileiro), com base na escuta participante, um novo modo de fazer trabalho de campo a partir da etnopsicologia e com aporte da psicanálise.
Paper long abstract:
A umbanda é um culto de possessão afro-brasileiro. Dentre suas características marcantes, é possível sublinhar o tom bem humorado de seus rituais. Buscou-se investigar, numa perspectiva etnopsicológica, se e em que medida as teses psicanalíticas sobre o chiste e o cômico podem ajudar a compreender o humor na umbanda. A pesquisa foi realizada em um terreiro de umbanda no estado de São Paulo - Brasil. Procedeu-se a uma escuta participante, entendida como a extensão da psicanálise à pesquisa de campo. A implicação do pesquisador em campo foi indispensável, pois o efeito de sentido é também produzido nele, que escuta e ri, já que assume uma posição de sujeito na estrutura do terreiro, um lugar a partir do qual é interpretado pela comunidade. Foi possível constatar que a compreensão psicanalítica do humor é aplicável às suas ocorrências no ritual umbandista. Nas falas dos umbandistas, o riso revela seu uso terapêutico, um "tratamento" que "quebra defesas", o que se coaduna com a perspectiva freudiana de descarga de catexias. No entanto, segundo as teses psicanalíticas, frequentemente os chistes permitem a expressão de impulsos agressivos dirigidos ao ouvinte, enquanto na umbanda a função de ser objeto do riso é deslocada para personagens cômicos que representam o que poderia haver de repreensível no outro, deslocando a "censura" sobre adeptos para o enredo de uma comédia atuada por espíritos. Ao brincar com metáforas e sentidos novos, os espíritos dão eco à complexidade do sujeito humano, refletindo-a além de intelectualizações.
Processo nº 2012/17036-5, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
Paper short abstract:
Nesta pesquisa, por meio do acesso às categorias constitutivas da cibercultura, tenta-se explicitar e compreender as lógicas subjacentes às ações dos militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) nas lutas travadas no ciberespaço em busca de reconhecimento e visibilidade.
Paper long abstract:
Na década de 1950, antropólogos como Mitchell (2010) desenvolveram pesquisas de campo pioneiras nas cidades. Esses estudos foram motivados principalmente pela migração do homem às áreas urbanas, onde o modo de vida tribal foi reconfigurado. Há pouco mais de duas décadas, antropólogos e demais pesquisadores das ciências sociais enfrentam o desafio de compreender as consequências da "migração" do homem ao ciberespaço. Nesse sentido, a pesquisa etnográfica oferece mecanismos para interpretar esse mundo social, o qual possui protocolos específicos estruturadores das práticas sociais. Estas são perpassadas por relações de poder materializadas nas disputas sociais, sejam motivadas por questões exclusivas ao mundo online ou ao alargamento dos embates do mundo offline. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), mais antigo movimento camponês brasileiro, ocupou o ciberespaço e ali desenvolve diversas ações de luta no campo simbólico. Esta pesquisa, que está em desenvolvimento na Universidade Federal de Campina Grande e será concluída em aproximadamente três anos, tem como um de seus objetivos compreender as apropriações e os usos das novas tecnologias pelo MST. A "netnografia", que tem como campo o ciberespaço, permitirá o domínio da linguagem e da etiqueta desenvolvidas no ciberespaço e facilitará a compreensão dos mecanismos ordenadores dessas práticas culturais. Só depois de entender as lógicas subjacentes às práticas culturais será possível analisar cientificamente se e como as ações dos sem-terra são pautadas pelas lógicas desse universo ou se as subvertem, bem como relacioná-las adequadamente com as demais estratégias de luta, no campo simbólico, empregadas pelo movimento no mundo offline.
Paper short abstract:
A etnografia digital possibilita acompanhar as novas dinâmicas do campo afro-religioso brasileiro, no entanto cabe ao pesquisador conciliar papéis e corresponder a expectativas que asseverem sua pertença a distintos grupos - dos pesquisadores acadêmicos e dos adeptos do candomblé.
Paper long abstract:
O ciberespaço oferece valiosas oportunidades de pesquisa para acompanhar as novas dinâmicas do campo afro-religioso brasileiro. Ao veicularem reflexões sobre o culto aos orixás, a partir de pesquisas não necessariamente acadêmicas, e do compromisso autoatribuído em transmitir os saberes litúrgicos, internautas afro-religiosos ao mesmo tempo renovam os modelos explicativos da religião e defendem a preservação das tradições. Para melhor observar o fenômeno, criamos no Facebook, um grupo chamado "Candomblé Pesquisa'. Com quase 2000 participantes, dentre pesquisadores nativos e acadêmicos, sacerdotes e iniciados, o grupo vem nos fornecendo base para apreciação e análise do software social e o modo como seus recursos são apropriados e resignificados pelos agentes afro-religiosos, de modo a espelhar o ethos de sua(s) religiosidade(s). Manter este grupo tem se afigurado também como um grande desafio para a pesquisadora que, ao expor-se como neófita não iniciada, precisa conciliar papéis e corresponder a expectativas que asseverem sua pertença a ambos os grupos - dos pesquisadores acadêmicos e dos adeptos do candomblé.
Destarte, com base em minha pesquisa de mestrado, atualmente em curso, sobre as formas de sociabilidade proporcionadas pela interlocução entre as religiões afro-brasileiras e as novas tecnologias de informação e comunicação, pretendo debater do ponto de vista teórico-metodológico as possibilidades e limites do método da etnografia digital no que se configura como uma ciber-antropologia das religiões afro-brasileiras. Mas, sobretudo, proponho compartilhar minha experiência de pesquisa junto aos internautas afro-religiosos, neste encontro cheio de riscos para a pesquisadora, para a nativa, e também para a internauta.
Paper short abstract:
O Ciberespaço se configura como um novo contexto de sociabilidade. Esta comunicação reflete o papel do antropólogo que explora a Internet como lugar para o trabalho de campo e sobre os desafios diante da necessidade de reconfiguração de conceitos do método etnográfico clássico para o ciberespaço.
Paper long abstract:
A expansão e o acesso crescente à rede mundial de computadores vêm desafiando os pesquisadores da Antropologia e das Ciências Humanas de um modo geral, a explorar a Internet como um 'lugar' ou campo de pesquisa. Este espaço virtual é hoje apropriado pelas organizações e sujeitos indígenas que inauguram um novo contexto de sociabilidade tecnológica, além de formas distintas de atuação e autorepresentação a partir de uma visibilidade e do uso da linguagem eletrônica e hipertextual. A presente comunicação é resultado do estudo em curso que atualmente desenvolvemos no Mestrado em Ciências Sociais e Humanas (PPGCISH-UERN) no Brasil e aqui se propõe a refletir sobre o papel do pesquisador e os seus desafios diante da necessidade de reconfiguração de conceitos do método etnográfico clássico para o contexto do ciberespaço. Além disso, apontamos os aspectos positivos de se observar e analisar através da Netnografia os pensamentos, modos de vida, lutas políticas e identitárias dos ameríndios nos conteúdos postados nos Portais Indiosonline.net e Indioeduca.org.