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Accepted Paper:
Paper short abstract:
Esta pesquisa buscou investigar se as teses psicanalíticas sobre o chiste e o cômico podem ajudar a compreender o humor na umbanda (um culto de possessão afro-brasileiro), com base na escuta participante, um novo modo de fazer trabalho de campo a partir da etnopsicologia e com aporte da psicanálise.
Paper long abstract:
A umbanda é um culto de possessão afro-brasileiro. Dentre suas características marcantes, é possível sublinhar o tom bem humorado de seus rituais. Buscou-se investigar, numa perspectiva etnopsicológica, se e em que medida as teses psicanalíticas sobre o chiste e o cômico podem ajudar a compreender o humor na umbanda. A pesquisa foi realizada em um terreiro de umbanda no estado de São Paulo - Brasil. Procedeu-se a uma escuta participante, entendida como a extensão da psicanálise à pesquisa de campo. A implicação do pesquisador em campo foi indispensável, pois o efeito de sentido é também produzido nele, que escuta e ri, já que assume uma posição de sujeito na estrutura do terreiro, um lugar a partir do qual é interpretado pela comunidade. Foi possível constatar que a compreensão psicanalítica do humor é aplicável às suas ocorrências no ritual umbandista. Nas falas dos umbandistas, o riso revela seu uso terapêutico, um "tratamento" que "quebra defesas", o que se coaduna com a perspectiva freudiana de descarga de catexias. No entanto, segundo as teses psicanalíticas, frequentemente os chistes permitem a expressão de impulsos agressivos dirigidos ao ouvinte, enquanto na umbanda a função de ser objeto do riso é deslocada para personagens cômicos que representam o que poderia haver de repreensível no outro, deslocando a "censura" sobre adeptos para o enredo de uma comédia atuada por espíritos. Ao brincar com metáforas e sentidos novos, os espíritos dão eco à complexidade do sujeito humano, refletindo-a além de intelectualizações.
Processo nº 2012/17036-5, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
Terrenos múltiplos, terrenos fluídos: novos modos de fazer trabalho de campo
Session 1