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- Convenors:
-
Isadora Lins França
(Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP - Brasil)
Bruno Puccinelli (Universidade Estadual de Campinas (Unicamp))
- Location:
- Auditório 2, Reitoria/Geociências (Map 10)
- Start time:
- 10 September, 2013 at
Time zone: Europe/Lisbon
- Session slots:
- 3
Short Abstract:
O painel reúne etnografias que tematizem contextos contemporâneos de produção de subjetividades e identidades relacionadas a gênero e sexualidade, considerando processos de transformação social concernentes a visibilidade e reconhecimento, bem como a circulação de convenções em diferentes escalas.
Long Abstract:
A proposta do painel é a de contrastar diferentes contextos de produção de subjetividades e identidades. Convenções envolvendo gênero e sexualidade têm estado no centro de transformações que dizem respeito à visibilidade de identidades sexuais e sujeitos políticos, bem como ao tensionamento de estereótipos de masculinidades e feminilidades.
Nesse processo, tem se mostrado de rentabilidade do ponto de vista analítico e teórico a compreensão de como gênero e sexualidade se articulam com outros marcadores como classe social, raça/cor e geração.
A circulação de pessoas, objetos e ideias tem desempenhado papel fundamental em tais processos de transformação, colocando também em questão dicotomias relacionadas a tempo e espaço, como "tradicional-moderno" - assim como noções relacionadas a uma suposta "fluidez pós-moderna" - e "centro-periferia".
Processos de reconhecimento e visibilidade, empreendidos tanto pela prática de ativismo político como pelas práticas de consumo e de produção estética e cultural, se constituem como janelas para a compreensão das relações complexas entre normatizações, regulações, moralidades, bem como fissuras e deslocamentos nesses cenários.
O painel procura trazer trabalhos capazes de produzir uma reflexão sobre produção de subjetividades, identidades e estilos relacionadas a gênero e sexualidade; articulação entre marcadores sociais da diferença; circulações e trânsitos de pessoas, objetos e ideias em diferentes escalas; mídia e práticas de consumo; e movimentos sociais.
Accepted papers:
Session 1Paper short abstract:
Baseada em pesquisa etnográfica, esta comunicação se propõe a investigar a maneira pela qual homens de meia-idade oriundos de camadas médias e residentes na cidade de São Paulo vivenciam e percebem a própria homossexualidade frente às transformações sociais ocorridas nas três últimas décadas.
Paper long abstract:
Baseada em pesquisa etnográfica conduzida entre 2011 e 2013, a proposta deste trabalho consiste em investigar a maneira pela qual homens de meia-idade oriundos de camadas médias e residentes na cidade de São Paulo vivenciam e percebem a própria homossexualidade frente às transformações sociais ocorridas nas três últimas décadas. Analisando conceitos aparentemente intercambiáveis como "aceitação", "tolerância" e "respeito", tento construir junto às pessoas entrevistadas uma dialética que leva em conta tanto a experiência subjetiva de pertencimento a um grupo tradicionalmente marginalizado quanto a posição sócio-histórica que ocupam. Aqui, entram em jogo vários marcos, como a abertura política do Brasil, os pânicos morais suscitados pelo advento da epidemia de HIV/AIDS em meados dos anos 80 e a participação de alguns deles em movimentos sociais. Alvo de discussões acaloradas no cenário político nacional, analiso também suas falas sobre acontecimentos mais recentes, como o surgimento das primeiras Paradas do Orgulho LGBT e os embates envolvendo a legalização das uniões homoafetivas e a criminalização da homofobia. Ao mesmo tempo, problematizo o marcador "geração" e procuro entender como os interlocutores se percebem para além de um denominador etário, ainda que apontem diferenças importantes entre eles e os "mais jovens", vistos com frequência como pertencentes a um grupo que "colhe os frutos" de uma visibilidade conquistada por aqueles que os antecederam.
Paper short abstract:
Esta proposta traz as primeiras análises da pesquisa que desenvolvo no doutorado, sobre circulação, corporalidade, estilo e desejo, de homens homossexuais frequentadores de dois espaços de sociabilidade homossexual, localizados na zona leste de São Paulo, em Itaquera e São Mateus.
Paper long abstract:
Esta proposta traz as primeiras análises da pesquisa que desenvolvo no doutorado, sobre circulação, corporalidade, estilo, desejo, de homens homossexuais frequentadores de dois espaços de sociabilidade homossexual, localizados na zona leste de São Paulo, em Itaquera (Luar Rock Bar) e São Mateus (Guinga's Bar). A pergunta que compõe o título, figura como intrigante pra mim, alocando-me para o que considero como a linha tênue entre pesquisador/professor (quando menciono, nas conversas com os frequentadores, esta pesquisa) e sujeito desejável (pelas diretas/indiretas que recebo no campo); Contudo, tal indagação deve ser algo corriqueiro para os frequentadores desses dois lugares, ao conversarem ou avistarem alguém que não os frequenta. Aproprio-me dos recursos de uma etnografia clássica, quais sejam: observações diretas, diário de campo, aplicação de roteiro de entrevista semi-estruturado, com vistas a compreender, de modo menos circunscrito no lugar e mais nas movimentações, as negociações/apropriações/sentidos/classificações, que homens homossexuais, que frequentam o Guinga's e o Luar Rock Bar, empreendem a: sujeitos desejáveis/não-desejáveis, circulação, (homo)sexualidade, classe, cor/raça, gênero e regionalidade.
Paper short abstract:
Propõe a investigação das relações afetivo-sexuais entre mulheres e crossdressers masculinos. Observa-se como a prática do crossdressing no interior dessas relações podem ajudar o estudo de relações e papéis de gênero, além de dialogar com teorias que questionam a prescrição de identidades sociais.
Paper long abstract:
O crossdressing, que em uma tradição direta seria "vestir trocado", é uma dentre as muitas práticas sexuais que se configuram como o produzir-se com roupas que remetem a um gênero diferente do apresentado pela pessoa que elege a prática. Existem diferentes formas de se praticar crossdressing, ou ainda diferentes possibilidades que são consideradas crossdressing.
É o indivíduo que pratica que dá nome à pratica, que elege o grau de intervenções e modificações corporais, tipo de montagem (produção) e publicização. Muito comumente, a prática é sustentada pelo prazer em se produzir com roupas socialmente tidas como referentes a um gênero diferente daquele do praticante. Em geral os homens praticantes vivem uma vida social como sujeitos do sexo masculino e se "montam" transitoriamente. Buscam espaços sociais e grupos onde possam compartilhar dessa experiência; uma busca por tolerância, respeito e às vezes até o anonimato. Esses indivíduos não se veem como mulheres, tampouco querem sê-lo.
Pesquisas anteriores a esta demonstraram que um considerável número de crossdressers masculinos mantinham relações afetivo-sexuais com mulheres, dizendo-se, assim, heterossexuais. Algumas dessas mulheres apenas partilham de seus segredos, outras vão além e os ajudam a se montar.
Propôs-se então estudar eventuais impactos da prática no interior destas relações íntimas, para que os achados possam ajudar no entendimento dos papéis e relações de gênero. Em um âmbito mais amplo, busca-se entender de que forma os achados do estudo contribuem para o questionamento das normas sexuais e a luta contra a as identidade socialmente prescritas.
Paper short abstract:
Este trabalho analisa os sentidos de um "armário trans" a partir de uma etnografia do ativismo de travestis e transexuais no Brasil. Centrando-se em tensões diversas instituições modernas envolvidas na carpintaria de tal armário e as resistências às mesmas.
Paper long abstract:
Este trabalho é resultado parcial da pesquisa que venho realizando no âmbito do Doutorado no IMS-UERJ. A partir de uma etnografia ativismo de travestis e transexuais no Brasil, investigo os usos da "visibilidade" como ferramenta política na luta por reconhecimento. No campo, repetia-se a ideia de que travestis e transexuais, ao contrário de gays e lésbicas, não teriam como ocultar o estigma e sofreriam mais preconceito. Seria o estigma das experiências trans automaticamente visível? Podemos falar em "armário trans"? O melhor caminho para explorar o "armário trans" é pelas situações de "sair do armário" ou de "outing". "Sair do armário", para essas pessoas, teria dois sentidos: (i) iniciar as transformações corporais e (ii) revelar-se "trans" durante uma interação social. Além dessas situações, algumas cenas etnográficas sugerem que a evidência do estigma trans não é imediata. Nesse sentido, proponho uma discussão em torno dos sentidos desse "armário trans". Passando pelas respostas de diversas instituições modernas envolvidas na manutenção/produção da "incomensurabilidade dos sexos" forja-se um jogo de tensões entre sistemas de visibilidade, de conhecimento e de poder. Revisitando as considerações de Sedgwick, em sua "Epistemologia do Armário", percebemos que conjuntamente com as díades segredo/revelação e privado/público, mais claramente condensadas nas metáforas do "armário", uma crise de definição marca outras díades fundamentais para a organização cultural moderna. Nesse sentido, instituições como a medicina, a religião, a justiça, o sistema educacional, entre outras, se apresentam ativamente na carpintaria do armário, dando sentido às diferentes díades da crise epistemológica da modernidade. Mas não sem resistência.
Paper short abstract:
Esta pesquisa objetiva compreender a experiência de reinvindicação de direitos das mulheres indígenas do movimento zapatista no México a partir de 1994, quando o movimento se torna conhecido em todo o mundo, até o final da década de 1990.
Paper long abstract:
Nas últimas décadas o tema da questão indígena tem ganhado importância tanto dentro dos Estados nacionais como em nível internacional, principalmente em virtude da atuação dos movimentos indígenas que, a partir de 1970, começam a se organizar de forma mais efetiva na luta por seus direitos. Sabemos, no entanto, que uma perspectiva de gênero associada ao elemento étnico é um espaço ainda em construção, até mesmo dentro dos movimentos indígenas. Com isto, interessa-nos compreender a pratica e o discurso das mulheres em um movimento indígena em particular, o zapatista, que se torna conhecido internacionalmente em 1994 quando declara guerra ao governo mexicano e lança a Ley Revolucionaria das Mujeres, um documento elaborado pelas mulheres do movimento com o propósito de visibilizar as suas demandas enquanto indígenas e como mulheres. Nesse sentido, analisamos nesta pesquisa o processo de inserção das mulheres zapatistas na vida política das comunidades indígenas e o teor dos documentos reivindicatórios elaborados por elas, em um recorte histórico que vai de 1994 ao final da década de 1990. Procuramos considerar neste período os avanços e limites da participação das mulheres no movimento, bem como os desdobramentos de suas ações na busca de relações mais igualitárias entre homens e mulheres no contexto indígena.