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- Convenors:
-
Angeles Ramirez
(Universidad Autonoma de Madrid)
Francirosy Ferreira (USP)
- Location:
- A2.12, Reitoria/Geociências (Map 10)
- Start time:
- 10 September, 2013 at
Time zone: Europe/Lisbon
- Session slots:
- 2
Short Abstract:
Este painel pretende dar conta de investigações e etnografias emergentes sobre contextos árabes e islâmicos, produzidas em países do sul da Europa, em torno de questões relativas à produção de identidades e cidadania. Embora o debate se mantenha no eixo dos orientalismos em contraponto, especial enfoque será dado às etnografias comparadas sobre temas afins.
Long Abstract:
As questões de identidade, segundo marcadores de religião, género e idade, e o seu uso para a entrada e legitimação no espaço público e negociação de cidadania, têm ocupado um número crescente de etnografias, tanto em contextos minoritariamente islâmicos quanto naqueles maioritariamente islâmicos. Este painel pretende dar conta de investigações e etnografias emergentes sobre esses temas produzidas em países do sul da Europa. Embora o debate se mantenha no eixo dos orientalismos em contraponto, especial enfoque será dado às etnografias comparadas. Isto porque acreditamos, que o acompanhamento objetivado e informado de etnografias contemporâneas localizadas pode esclarecer as condicionantes que definem os quadros de produção do conhecimento concomitante.
Accepted papers:
Session 1Paper short abstract:
No último 4 de abril ativistas do Femen Brasil e Internacional encabeçaram o que chamaram de “jihad do topless” em apoio a ativista tunisiana, Amina. No Brasil, mulheres tiraram suas peças de roupa frente à mesquita xiita, no bairro do Brás, em São Paulo...
Paper long abstract:
rapidamente esta manifestação ganhou a rede social, principalmente levada por mulheres muçulmanas brasileiras, que se autodenominam feministas e contra este tipo de abordagem. Segundo elas, o Femen não as representa, e muito menos a "salvam" de qualquer estigma ou subjugação social e religiosa, como é comum nos discursos proferidos por essas ativistas. No dia 20 de abril, mulheres muçulmanas brasileiras fizeram uma pequena manifestação no vão Livre Masp, palco frequente de manifestações na capital paulista contra a forma de atuação do Femen no Brasil.
A proposta desta comunicação é apresentar os discursos proferidos tanto pelo Femen brasileiro e internacional, assim como trazer os discursos e contra-discursos de mulheres muçulmanas brasileiras e não brasileiras, a fim de compreender, se surge no Brasil um novo campo a ser explorado o "feminismo islâmico". Em outros países esta nomenclatura pode ser até usual, mas no Brasil, nesses quinze anos de pesquisa nunca havia ouvido uma muçulmana se auto definir como feminista. O interessante é que a principal ativista é uma munacaba, uma muçulmana revertida que usa niqab há três anos. Em São Paulo, segundo esta interlocutora há 10 munaqabas. Esta comunicação retoma a ideia de Lila Abu-Lughod a respeito da "salvação" das mulheres muçulmanas e dos constrangimentos que a antropologia tem que se livrar se quiser discutir com densidade essas questões. Será importante também refletir sobre este "novo" discurso que surge nas comunidades islâmicas.
Paper short abstract:
Em Marrocos as mulheres nem sempre procuram os mesmos direitos e responsabilidades que os homens em algumas áreas da vida como o casamento. Esta comunicação tenta endereçar como a conjugalidade e a família são arenas importantes de aspirações e de valores conflituantes da sociedade marroquina actual.
Paper long abstract:
Activistas dos direitos humanos e feministas em Marrocos continuam a lutar contra leis que consideram ser discriminatórias para as mulheres. Ainda que a igualdade legal seja uma das suas maiores batalhas, outras reivindicações são realizadas para integrar as mulheres no desenvolvimento económico e social do país e o Estado é visto como um dos principais actores na mudança dos hábitos sociais e culturais. Mas, como devem ser considerados os desejos e aspirações das mulheres quando não coincidem com as pretensões feministas? Será possível encontrar outras formas de emancipação social que não estejam alocadas em concepções de igualdade e liberdade individual?
Esta proposta baseia-se no trabalho de campo que realizei durante um ano na cidade de Essaouira em Marrocos. O contacto com mulheres, famílias e uma associação feminina de ajuda a mulheres mostrou-me que ainda que as mulheres sejam estratégicas em utilizar a parafernália da lei da família para os seus próprios fins, nem sempre procuram os mesmos direitos e responsabilidades que os homens em algumas áreas da vida como o matrimónio. Este é considerado um projecto de vida que intrinca relações hierárquicas baseadas no género e na idade. É entre idiomas de hierarquia e autonomia, importantes componentes da sociedade marroquina, que as mulheres procuram fazer sentido das suas decisões e esperanças. Esta comunicação aborda estas questões através das observações e experiências das mulheres, tentando situar diferenças de classe, económicas e particularidades regionais, importantes variáveis nesta análise. Finalmente propõe pensar as razões que fazem do casamento e da família arenas importantes de aspirações e valores conflituantes.
Paper short abstract:
A partir de uma reflexão sobre o trabalho de campo em uma ONG marroquina de direitos da mulher, esse trabalho busca compreender e problematizar os discursos e estratégias de combate à violência contra a mulher em Marrocos utilizados por ativistas de direitos da mulher.
Paper long abstract:
Este paper busca compreender e problematizar os discursos e estratégias de combate à violência contra a mulher em Marrocos adotadas por mulheres que trabalham em organizações não governamentais (ONG) de direitos da mulher. Desde a reforma do Código da Família em 2004, ONGs marroquinas têm intensificado o trabalho de educação legal e a demanda para uma lei que criminalize a violência doméstica. Baseando-se nas observações do trabalho de campo desenvolvido em uma ONG marroquina de direitos da mulher na pequena cidade de El-Hajeb, perto de Fez, serão observados como noções de violência e direitos são concebidas e instrumentalizadas por atores locais, nesse caso as ativistas da ONG, e como estas se relacionam com mulheres em situação de violência que procuram apoio na organização. Busca-se, assim, contribuir para reflexões antropológicas sobre violência e sobre como fluxos feministas de caráter global ganham articulações específicas em contextos árabes-islâmicos.
Paper short abstract:
Desde maio de 2011, quando o STF votou a favor da união civil homossexual, a mídia brasileira parece estar dando ênfase às temáticas LGBT. O objetivo é mapear quais significados têm sido (re)produzidos na interlocução entre direitos humanos LGBT e Islã pela mídia brasileira.
Paper long abstract:
Nas sociedades contemporâneas, as notícias são portas de entrada para a compreensão de símbolos compartilhados por grupos sociais diferentes. Desde maio de 2011, quando o Supremo Tribunal federal votou a favor da união civil homossexual, o Brasil parece experimentar aumento do interesse midiático sobre temáticas LGBT. Este não se reduz à divulgação de acontecimentos dentro do país, mas também de outras partes do mundo. Esta comunicação utiliza como material de pesquisa notícias de jornais brasileiros de grande circulação (Folha de São Paulo e O Globo) relacionadas aos direitos de gays, lésbicas, bissexuais e trans* em países de tradição islâmica. O artigo procura fazer a interseção entre as preocupações antropológicas de dar voz ao nativo e de constante descolonização do pensamento. O objetivo é mapear quais significados são (re)produzidos na interlocução entre direitos humanos LGBT e Islã pela mídia brasileira. O texto se propõe a discutir: Quais são as opiniões de jornalistas sobre LGBT no Brasil e nos contextos islâmicos? Como tais construções de notícias impactam na criação de imaginários específicos sobre o Islã como sensível ou insensível às sexualidades e aos gêneros?
Paper short abstract:
La operación desplegada en Barcelona en 2008 para desmantelar una célula terrorista giró en torno a las actividades promovidas por la Jama’at at-Tabligh. La ponencia reflexiona sobre el impacto que la episteme orientalista tuvo en la percepción de la amenaza islamista asociada a esa organización
Paper long abstract:
El principal de los oratorios del barrio del Raval barcelonés, la mezquita Tariq ibn Ziyad, fue escenario de una importante operación policial en enero de 2008, con el objeto de desmantelar una célula yihadista que, tal y como afirmaron las autoridades responsables y difundieron los medios de comunicación, pretendía causar un atentado con estragos en el metro de la ciudad catalana. En la medida en que el mencionado oratorio aparecía relacionado explícitamente con la organización pietista Jama'at at-Tabligh, de carácter transnacional, varios comentaristas atribuyeron a lo largo de los meses siguientes una responsabilidad decisiva a dicha organización en la conspiración que debía culminar con un atentado de consecuencias letales. La presente comunicación pretende revisar tanto las prácticas asociadas a la adscripción a Jama'at at-tabligh como sus modalidades de implantación en Catalunya para reflexionar a continuación sobre un orden general de representaciones de inspiración claramente orientalista que, aplicado sobre la presencia tabligui en la capital catalana, alentó los discursos conspirativos asociados a las prácticas religiosas que tenían lugar en ese y otros oratorios y promovió un clima de pánico moral (Cohen, 1980) en torno a la amenaza islamista.
Paper short abstract:
Nesta apresentação usarei as noções de normatividade secular (Mahmood 2006) e Islão de mercado (Haenni 2005), para interpretar a relação entre educação islâmica, subjetividade secular e ética política liberal em Portugal.
Paper long abstract:
Nesta apresentação usarei as noções de normatividade secular (Mahmood 2006) e Islão de mercado (Haenni 2005), para interpretar a relação entre educação islâmica, subjetividade secular e ética política liberal. O argumento inicial é que certos segmentos da população muçulmana na Europa - neste caso, entre os principais representantes do Islão em Portugal - reproduzem esta normatividade secular como uma desconstrução de argumentos islamofóbicos. O seu objetivo é revelar as compatibilidades entre a subjetividade religiosa e cidadania liberal desconstruindo, em consequência, os pânicos morais e os argumentos que apontam os muçulmanos como a radical alteridade da Europa. Seguidamente procurarei mostrar que esta reprodução de uma normatividade secular está também associada a uma ética empresarial e económica e não apenas a um processo de dominação.
Paper short abstract:
O M20F pode ser grosso modo considerado a versão marroquina do fenómeno conhecido por "primavera árabe". No entanto, este não é um fenómeno historicamente isolado que surgiu imprevisivelmente quase por milagre, mas integra-se numa dinâmica de lutas sociais em curso durante as últimas décadas.
Paper long abstract:
Em inícios de 2011, no contexto do fenómeno que ficou conhecido por "primavera árabe", desenvolveu-se em Marrocos uma onda de protestos sociais que ficou conhecida como Movimento 20 de Fevereiro (M20F). Inicialmente dinamizado por jovens, mas aberto a todos, o M20F pretende não ter líderes e organizar-se horizontalmente. Como outros movimentos sociais precedentes, reclama uma repartição mais igualitária da riqueza e mais democracia e direitos humanos, apesar de se compor de várias tendências que por vezes entraram em conflito. Traçando uma breve genealogia das revoltas sociais em Marrocos, Tunísia e Egito, esta comunicação questiona algumas visões generalizadas que atribuem um certo adormecimento político e social a esses países antes da dita "primavera árabe" — apresentada muitas vezes como um passe de magia surgido do nada —, questionando também a ideia de que os movimentos islamistas são os únicos capazes de dinamizar protestos sociais em contextos árabes e islâmicos. Irei abordar a importância dos novos média e redes sociais online na renovação do espaço público e na mobilização e organização dos movimentos sociais, evitando porém certas abordagens que reificam o papel dos cibernautas, obliterando as circunstâncias históricas dos protestos e isolando-os das lutas sociais das últimas décadas. De forma a compreender as bases reivindicativas do M20F, serão analisadas expressões artísticas deste movimento, desde slogans a canções de rap.
Paper short abstract:
A Finança Shari’a na Europa mobiliza organizações islâmicas de cariz religioso, político e social a esgrimir juízos críticos. Como as organizações em redes qualificam a Finança Shari’a é o mote para uma etnografia sobre a produção de significados da ação económica islâmica em contexto minoritário
Paper long abstract:
O processo que conduziu à entrada de instituições de banca e finança Shari'a, ao longo da última década, na Europa tem gerado focos de controvérsia que alimentam o debate público, onde organizações islâmicas de cariz religioso, político e social (formais ou informais) esgrimem juízos críticos atuantes que expressam demandas alinhadas com as suas posições relativas no quadro do Islamismo político e social. A qualificação da Finança Shari'a, por parte dos referidos coletivos islâmicos constitui o marcador analítico para uma discussão praxeológica da ação coletiva no seio das comunidades islâmicas, em contexto social minoritário. Pretende-se com o presente artigo debater a pertinência metodológica de uma etnografia centrada nos grupos informais e organizações religiosas, políticas e sociais, dotados de reflexividade nas suas operações de crítica, denúncia e justificação, quando confrontados com os dilemas resultantes do advento das autodenominadas instituições de banca e finança Shari'a. Importa ainda atender ao caracter relacional destas organizações que constituem núcleos ligados em redes com organizações homónimas ou não, quer nos países de origem dos fluxos migratórios, quer em outros países na Europa onde partilham algumas das especificidades resultantes das condições socioculturais em contextos de minoria islâmica.