Click the star to add/remove an item to/from your individual schedule.
You need to be logged in to avail of this functionality.
Log in
- Convenors:
-
Angela Miranda Cardoso
(CRIA-IUL)
Robert Rowland (CRIA-IUL Lisbon University Institute)
- Location:
- A1.13, Reitoria/Geociências (Map 10)
- Start time:
- 10 September, 2013 at
Time zone: Europe/Lisbon
- Session slots:
- 3
Short Abstract:
This panel focuses, in a comparative perspective, on the mechanisms through which, in contemporary societies, representations of the past can be used, like Malinowski's myth, as a charter for political action.
Long Abstract:
Discussion of the implications of historical revisionism has spread since the 1970s from Germany to other European countries, including Portugal, often concentrating on questions of historical objectivity and political bias. We will here be concerned with how representations of the past, whether produced by professional historians and other social scientists or by other users (and abusers) of the past (novelists, writers on heritage, politicians), can function as a hegemonic discourse of political legitimation. This will involve discussion, among others, of the relation between those users of the past and their audience in what has increasingly become a public, and hence political, space; the role of different actors and institutions in defining the relation between history and collective memory; and, more generally, the social and political implications of promoting, diffusing and invoking shared interpretations of the past and, thereby, attempting to create, reaffirm or redefine a collective identity. Anthropology in complex societies has had to come to terms with the existence of written sources, but history has all too often been taken by anthropologists as given. We would argue that the past should also be studied through its effects in the present, as a symbolic resource which actors may claim, like Malinowski's myth, as a charter for a given set of social institutions and a justification for political action. We therefore welcome papers which propose, whether in comparative or theoretical terms or through the discussion of significant examples, to approach these questions as a problem in political anthropology.
Accepted papers:
Session 1Paper short abstract:
Através da análise de alguns dos usos políticos do passado na sociedade contemporânea, propõe-se contribuir para uma antropologia política da historiografia contemporânea.
Paper long abstract:
No funcionalismo malinowskiano, baseado no estudo intensivo e sincrónico da cultura e das instituições dos povos estudados, pouco era o espaço concedido à análise histórica. Carecendo essas culturas de documentação escrita, as tradições orais seriam constantemente reelaboradas em função do presente e do seu contexto político, não podendo, assim, ser consideradas como fontes históricas. Este contraste entre história "ocidental" e mito "primitivo" reflecte, obviamente, as concepções historiográficas da época. Hoje em dia, torna-se consensual entre historiadores uma atitude mais reflexiva, que reconhece as funções sociais e implicações políticas da prática historiográfica, atribuindo-lhe muitas das características que seriam, nos termos desse contraste, próprias do mito. Esta comunicação propõe-se partir das reflexões de Malinowski para analisar algumas das funções sociais e políticas da prática historiográfica na sociedade contemporânea, abordando, entre outros exemplos, a emergência de um espaço público para a discussão historiográfica; o sentido das histórias nacionais e as transformações deste género historiográfico entre o século XIX e a actualidade; e a Historikerstreit alemã dos anos 1980, bem como as mais recentes tentativas de revisionismo histórico em Itália, Espanha e Portugal.
Paper short abstract:
A comunicação centrar-se-á nas imagens da Idade Média construídas por um conjunto de autores nos primeiros anos da ditadura portuguesa. Estas seriam instrumentalizadas no sentido da construção de uma memória nacional dessa época e da inculcação de valores nela enraizados.
Paper long abstract:
A crise do regime republicano português levou a que soluções corporativas para a sociedade ganhassem cada vez maior apoio nos meios políticos e intelectuais. Estas propostas, frequentemente alicerçadas nos valores cristãos e numa suposta tradição nacional que remontaria à Idade Média, viam na República a personificação dos valores do materialismo, individualismo e irreligiosidade que haviam conduzido, desde o Renascimento, as sociedades ocidentais a uma profunda crise existencial. Com a implantação da ditadura militar, estas ideias encontraram grande eco entre a elite político-intelectual que desenvolveria as bases do Estado Novo corporativo.
A presente comunicação propõe uma análise das visões sobre o período medieval nos primeiros anos da ditadura em Portugal, tendo como balizas cronológicas o golpe militar do 28 de Maio de 1926 e as comemorações de 1940. Tendo como base um conjunto de fontes historiográficas, filosóficas, ensaísticas e pedagógicas, o objetivo será compreender como uma visão essencialmente idealizada do período medieval serviu para legitimar tanto a construção de uma memória nacional desse período como a disseminação de um conjunto de valores hegemónicos pela ditadura, como os de austeridade, trabalho, ordem e respeito pela autoridade, pela família e pela tradição católica e corporativa. Serão analisados autores que contribuíram especialmente para esta visão, em particular colaboradores da revista A Nação Portuguesa como João Ameal, historiadores com um grande papel na disseminação da memória histórica como Alfredo Pimenta e António Mattoso, ou ainda uma figura como o cardeal Manuel Cerejeira, com a sua obra publicada em 1936 A Idade Média.
Paper short abstract:
Entre a aparente neutralidade da inventariação, pretende-se analisar pressupostos ideológicos do "Inquérito à Arquitectura Regional" (1955-57) e do "Património de Origem Portuguesa no Mundo" (2010), e em que medida as suas concepção de história reflecte ou actua sobre a realidade política e social.
Paper long abstract:
O "Inquérito à Arquitectura Regional" (1955-1957) e o "Património de Origem Portuguesa no Mundo" (2010) constituem dois momentos de um género de estudos, os inventários de arquitectura. Presumivelmente dominado pela objectividade, não é, porém, imune a estratégias de afirmação política e nacionalista. Apesar do salto qualitativo no tratamento dos materiais, a intervenção do sujeito atravessa todo o processo: na decisão de o realizar, na selecção de casos, na organização e apresentação dos dados, e nas posteriores apropriações.
É a ilusão da obra expurgada de ideologia que a torna eficaz, naturalizando a sua mensagem como uma verdade inquestionável: no "Inquérito", a resistência ao modelo cultural imposto pelo regime do Estado Novo, no "Património de Origem Portuguesa" a recuperação de uma portugalidade à escala planetária.
Estes diferentes pressupostos - resistência versus conservação - determinam os critérios de base e a organização das duas obras. A dissipação de uma matriz portuguesa comum, no primeiro, faz-se através da ênfase na diversidade local, o que, a posteriori, o levou a ser visto como uma marca da resistência anti-salazarista. No segundo, é o acento na unidade que predomina, com a noção de património comum resgatando a Expansão como uma abertura ao mundo, já apontado como uma manifestação de neo-luso-tropicalismo.
O cruzamento da pretensa neutralidade deste tipo de levantamentos com a sua carga ideológica, é o que aqui cabe analisar.
Paper short abstract:
This paper will show the 20th century Porto-based historians' production is one of the main contributors to Porto's sense of place as objectified in the tripeira identity. It will argue that some of those elements can be equally found in filmic and literary production on the city.
Paper long abstract:
The city of Porto is frequently described as having a 'spirit' specific to it. This sense of place is objectified in the tripeira identity, a way of being taken to be specific to the people who were born and live in this city. Departing form an understanding of social identity as identification, i.e., as processual, relational and historically contextualized, this paper will show how the scientific production of Porto's State University historians are one of the main contributors to this Porto sense of place. This paper will present an analysis of the discoursive narrative of the main histories of the city written in the 20th century. A definition of the main points that construct the historians' narrative will be presented, to then move to 20th filmic and literary production on the city of Porto so as to show how it is possible to find in them the same elements found in the Porto-based historians' scientific production. It will be argued that (1) the historians' production only makes full sense if we take in consideration not only what is remembered, but mostly what in their narratives is forgotten, and (2) that this repetition of discoursive elements in different cultural productions makes it possible to take the tripeira identity as a myth in Roland Barthes' sense - a form that aims at persuasion and not explanation - a characteristic that allows it to be a frequent resource used by Porto-based politicians in their present day discourses.