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Accepted Paper:

"O que há de mais vivo no presente é o passado" - visões da Idade Média na ditadura portuguesa (1926-1940)  
Pedro Martins (Instituto de História Contemporânea - Faculdade de Ciências Sociais e Humanas/ Universidade Nova de Lisboa)

Paper short abstract:

A comunicação centrar-se-á nas imagens da Idade Média construídas por um conjunto de autores nos primeiros anos da ditadura portuguesa. Estas seriam instrumentalizadas no sentido da construção de uma memória nacional dessa época e da inculcação de valores nela enraizados.

Paper long abstract:

A crise do regime republicano português levou a que soluções corporativas para a sociedade ganhassem cada vez maior apoio nos meios políticos e intelectuais. Estas propostas, frequentemente alicerçadas nos valores cristãos e numa suposta tradição nacional que remontaria à Idade Média, viam na República a personificação dos valores do materialismo, individualismo e irreligiosidade que haviam conduzido, desde o Renascimento, as sociedades ocidentais a uma profunda crise existencial. Com a implantação da ditadura militar, estas ideias encontraram grande eco entre a elite político-intelectual que desenvolveria as bases do Estado Novo corporativo.

A presente comunicação propõe uma análise das visões sobre o período medieval nos primeiros anos da ditadura em Portugal, tendo como balizas cronológicas o golpe militar do 28 de Maio de 1926 e as comemorações de 1940. Tendo como base um conjunto de fontes historiográficas, filosóficas, ensaísticas e pedagógicas, o objetivo será compreender como uma visão essencialmente idealizada do período medieval serviu para legitimar tanto a construção de uma memória nacional desse período como a disseminação de um conjunto de valores hegemónicos pela ditadura, como os de austeridade, trabalho, ordem e respeito pela autoridade, pela família e pela tradição católica e corporativa. Serão analisados autores que contribuíram especialmente para esta visão, em particular colaboradores da revista A Nação Portuguesa como João Ameal, historiadores com um grande papel na disseminação da memória histórica como Alfredo Pimenta e António Mattoso, ou ainda uma figura como o cardeal Manuel Cerejeira, com a sua obra publicada em 1936 A Idade Média.

Panel P13
Political uses of the past (EN/PT/ES)
  Session 1