Paper short abstract:

Esta comunicação apresenta um balanço dos impactos do método genealógico nos estudos de parentesco. A reflexão tem como ponto de fuga a relação parentesco e genealogia, tema em pauta na Antropologia desde os seus primórdios, e como objetivo revisitar os debates clássicos e mapear as controvérsias e perspectivas recentes.

Paper long abstract:

Apresento um balanço dos debates sobre o método genealógico nos estudos de parentesco. Publicado em 1910, o método rapidamente se consagra como ferramenta indispensável da Antropologia. Contudo, a partir de meados do século XX, o método entra em zona de forte turbulência no horizonte de debates que ficaram conhecidos como a natureza do parentesco, o nascimento virgem, a relação categoria/genealogia, e assim por diante. Neste contexto, Schneider publica em 1984 sua crítica radical à premissa genealógica dos estudos de parentesco, em um dos livros de maior impacto na história recente da disciplina. Não obstante, o diálogo com a ciência da computação vem conferindo ao método avanços sem precedentes. Assim, o tema da relação parentesco e genealogia desembarca no século XXI sob intensa controvérsia. Para um círculo de antropólogos, a modelagem genealógica do parentesco está superada. Enquanto isso, para outro círculo, o método continua a ser útil para fornecer ao etnógrafo pistas sobre as redes de relacionalidade em foco. Uma coletânea que acaba de vir à luz, de Bamford e Leach (2009), Kinship and Beyond, traz textos que representam diversos matizes das posições aqui resumidas. Na direção oposta, entretanto, acaba de ser publicado um número dos Annales de demographie historique (nº 116, 2008-2), organizado por Grange e Houseman, que apresenta contribuições baseadas em tratamento de materiais genealógicos, com avanços teóricos notáveis.