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A reconstituição duma antiga festa popular de protecção dos gados, juntando-lhe a celebração duma imagem "milagrosa", usou a religiosidade local como veículo de afirmação identitária, gerando uma nova "memória colectiva" que se questiona no processo de inventariação como "património cultural imaterial".
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Em meados da década de 50 do século passado, a freguesia de Riachos (Torres Novas) fez a reconstituição de uma antiga festa local em honra de S. Silvestre, de benção dos gados, que tinha deixado de se celebrar no início do século, como veículo de afirmação local e de exaltação bairrista; nesse processo, rapidamente se viria acentuar essa componente localista através da junção de um outro culto, de grande importância simbólica para a população, a do Senhor Jesus dos Lavradores, cuja imagem é tida popularmente como "milagrosa".
A nova festa, de celebração irregular "quando o povo quer", rapidamente gerou uma reconstrução das memórias colectivas e das representações das tradições locais, em que a ideologia bairrista se sobrepôs ao culto religioso e diluiu as diferentes posições sociais que se cruzaram, convocando proprietários rurais, população indiferenciada, a igreja católica e os presumidos herdeiros de uma confraria medieval.
No processo de preparação da candidatura da Festa da Benção do Gado a Património Cultural Imaterial, revelou-se o processo de construção das memórias colectivas que foram caucionando a retórica localista e atenuando as contradições de condição de participação e de mobilização para a Festa, revelando os processos de tecedura e sedimentação dessas representações.
Entre passado e futuro: antropologia, memória, património e «horizontes de expectativa»
Session 1