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Accepted Paper:
Paper short abstract:
A partir do Festival Interceltique de Lorient (Bretanha) estabelecem-se parâmetros para uma análise de outros processos de festivalização inspirados no celtismo como expressão musical. Discute-se uma relação entre identidade cultural regional, preservação de memória e necessidade de esquecimento.
Paper long abstract:
O Festival Interceltique de Lorient (FIL), constituti o evento mais importante do celtismo na sua expressão musical. Realiza-se anualmente em agosto, convergindo para um centro efémero a periferia formada pelas chamadas nações celtas: Astúrias, Bretanha, Cornualha, Escócia, Galiza, Ilha de Man, Irlanda, País de Gales. O processo de festivalização iniciou-se no após-guerra (década de 1950), mobilizando o fator regionalista próximo (bretonismo) e o alargado (celtismo), manifestado na música e na indumentária, e não no neopaganismo. Ao longo das décadas de existência foi evento inspirador de outros festivais, tanto no âmbito de alguns movimentos autonómicos ibéricos, como de diásporas. Mais que preservar memória duma identidade cultural subalternizada, tratou-se de produzir esquecimento (P. Connerton) de acontecimentos então ainda recentes que traumatizaram a cidade (destruição devida aos bombardeamentos). Hoje o FIL insere-se no movimento de globalização, emitindo e recebendo fluxos culturais (A. Appadurai). O caso de Lorient serve para comparar processos de festivalização assentes no celtismo. Defende-se como função prioritária destes festivais produzir multiplicação de produtos culturais num mundo em concorrência, e menos de manter e aprofundar memória ou articular crítica civilizacional. Interroga-se a festivalização como forma de destradicionalização (García Canclini).
Entre passado e futuro: antropologia, memória, património e «horizontes de expectativa»
Session 1