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Accepted Paper:
Paper short abstract:
Por um lado, saúde e doença são assuntos com os quais todas as pessoas se confrontam , por outro, são entendidos como sendo assuntos de especialistas. Nesta comunicação propõe-se que olhemos para as forças envolvidas na definição da saúde e da doença objectivada pelos enfermeiros nas suas práticas.
Paper long abstract:
No passado, as investigações antropológicas salientavam a dimensão semiótica das representações da saúde e da doença e centravam a atenção no seu como (Hall, 1997). Valorizava-se as dimensões empírica (William Rivers), cognitiva (Benjamin Paul) e interpretativa (entre outros, Arthur Kleinman e François Laplantine) da saúde e da doença, focando-se a atenção nas práticas e representações leigas. Na actualidade, a atenção vira-se para os efeitos das representações (Hall, 1997), entendendo-se estas, no caso da saúde e da doença, como mistificações das relações de poder envolvidas na negociação biopolítica (Fassin, 2000), tal como apresentada na filosofia de Michel Foucault (2004). Hoje, a saúde e a doença tendem a ser compreendidas no contacto da cultura biomédica (Herzlich, 2005), assumindo-se como assuntos de especialistas, o que justifica trazer os profissionais de saúde para o centro da análise. Estes, através de "discursos e dispositivos pretendem oferecer soluções técnicas a problemas concretos, independentemente de qualquer posição ideológica" (Fassin, 2000). Esta pretensão de neutralidade ideológica é, porém, contrariada pela monopolização do poder de definição do normal e do patológico por parte das instituições médicas (Carapinheiro, 1986). Os efeitos dessa definição são revelados em primeira mão pelas práticas dos profissionais de saúde. Nesta comunicação propõe-se uma análise das representações da saúde e da doença objectivadas nas práticas dos enfermeiros focando-se a atenção nas forças envolvidas na sua definição. Em última análise, pretende-se discutir sobre o espaço ocupado pela formação do tipo fenomenológico nos curricula dos enfermeiros.
Antropologias da saúde pública
Session 1