Click the star to add/remove an item to/from your individual schedule.
You need to be logged in to avail of this functionality.

Accepted Paper:

Sequelas do Projecto Colonial de objectificação taxonómica e hierarquizada da diferença na Índia  
Sandra Marques (CRIA-IUL)

Paper short abstract:

Na Índia independente, as estratégias de reorganização do real social partiram de muitos dos pressupostos representacionais implantados pela administração colonial britânica. Algumas categorizações servem ainda de base a censos e critérios de discriminação constitucional de grupos populacionais.

Paper long abstract:

Na Índia independente, as estratégias de reorganização do real social da "nova" nação partiram de muitos dos pressupostos representacionais eficientemente implantados pela administração colonial britânica. O método que serviu à eficácia de uma tal implantação socorreu-se de dois recursos essenciais. Por um lado, de um corpo de técnicas e práticas disciplinares para validação do conhecimento, proporcionado por intelectuais e profissionais, em relação simbiótica de legitimação do poder vigente, em que antropólogos, "orientalistas" e "anglicistas", assumiram um papel preponderante. Por outro lado, da sua operacionalização no terreno, materializando o exercício de poder sobre este imenso objecto. A operacionalização foi efectuada pela objectificação, nomeação e hierarquização de grupos populacionais, através de listagens públicas, censos e sua imposição jurídica; através da objectificação de categorias distintivas com aplicação de técnicas antropométricas e teorias racializantes; até à criminalização de largas centenas de grupos, objectivados e nomeados como castas e tribos determinadas, e ao seu encarceramento em reformatórios.

Na actualidade, algumas destas categorizações servem de base a recenseamentos e suportam o estabelecimento de critérios de discriminação constitucional positiva de grupos em Scheduled Castes, Scheduled Tribes e Other Backward Classes. Antropólogos da Anthropological Survey of India são assim enviados para o terreno no sentido de avaliarem a legitimidade das reivindicações de pertença a SC, ST ou OBC de determinados grupos. À sua solicitação, estes antropólogos procuram a validação de traços identitários "primitivos", de "cultura distintiva", "isolamento geográfico", "timidez ao contacto com culturas dominantes" ou "atavismo" nos seus corpos, vestuário, língua, hábitos, ocupações e práticas religiosas.

Panel P48
Os antropólogos e o projeto colonial: as interfaces de um saber
  Session 1