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Accepted Paper:
Paper short abstract:
Partindo do corpo de doentes (ou ex-doentes) com lepra, pretende-se traçar uma etnografia de uma leprosaria na Guiné-Bissau, herdeira de uma preocupação colonial de confinar a doença. Nesse sentido, pretende-se entrecruzar a etnografia com a história, colonial e pós-colonial, deste espaço biomédico.
Paper long abstract:
A Leprosaria de Cumura é o ponto de confluência de múltiplas estórias de vida traçadas pela Lepra. Um espaço biomédico de referência na África Ocidental na actualidade, cuja origem remonta ao tempo colonial da Guiné Portuguesa. A lepra emergiu como uma preocupação para a administração colonial, sendo criado um hospital para receber e tratar doentes, na zona de Cumura, a 14 km de Bissau. A decisão da sua criação surge, em 1945, na sequência das comemorações do V Centenário da descoberta da Guiné pelos portugueses. Inicialmente um espaço de reclusão e confinamento do Outro para tratamento sob autoridade do Estado, passa depois a existir dentro do contexto assistência de saúde missionária, a cargo de frades Franciscanos, da Província de Veneza, em ambos os casos enquadrada numa biopolítica e estratégia de contenção da doença. A história desta instituição, ilustrada pela construção de uma etnografia, cruza-se com a Aldeia que acolhe os Ex-Leprosos, construída nas imediações da leprosaria, para acolher os doentes impossibilitados de se reintegrarem nas suas aldeias/ famílias. A Aldeia dos Ex-Doentes, assegura a continuidade na protecção perante o estigma social, ou proporciona o ponto para ancorar a vida e viver na protecção da missão franciscana, na sequência das deformidades e mutilações. Cumura, outrora o local maldito, o local infecto, o espaço do confinamento da doença, é hoje um espaço aberto às velhas e novas lepras (sida e tuberculose), funcionando como um importante elemento de apoio no débil sistema de saúde da Guiné-Bissau.
Experiências coloniais e seus legados: entre corpos, poderes e subjetividades (PT/ES)
Session 1