Paper short abstract:

As redefinições do desenvolvimento num mundo em que a cooperação é alvo de disputas remonta a debates acerca da modernização e dos neo-colonialismos. Com destaque a Darcy Ribeiro, revisitamos dilemas que se mantêm atuais na constituição hoje do Sul Global.

Paper long abstract:

O contexto de redefinição da política e prática de desenvolvimento num mundo de competição em que a cooperação mesma é alvo de disputas remonta a debates célebres nas ciências sociais acerca da modernização e dos neo-colonialismos. Faz sentido, pois, discutir as proposições acerca do chamado Sul Global numa perspectiva que enfrenta a crítica pós-colonial aos novos silenciamentos que se impõem nas tentativas de homogeneização das diferenças e das especificidades de Estados, economias e continentes tão díspares sob a macro rubrica "Sul Global". Em nossa análise, trazemos autores brasileiros para, a partir da experiência latino-americana, buscarmos relacionar, nas similitudes e nos contrastes, aos desafios dos investimentos em África, supondo ser útil o alargamento das fontes bibliográficas mais comumente utilizadas. Destacamos os conceitos, de um lado, de "modernização reflexa" e de "atualização histórica", de outro, de "aceleração evolutiva", de Darcy Ribeiro (1922-1997), em sua capacidade de elucidar a ideia de autonomia nacional. Apresentamos a delicada construção da ideia de "povo" no pensamento social brasileiro em que se inspira Darcy Ribeiro, com ênfase a seu diálogo com Manoel Bonfim (1868-1932). Perguntamos, portanto, se o debate contemporâneo acerca da cooperação no "Sul Global" prescinde ou não de tal categoria analítica e quais seus limites. Buscamos, por fim, problematizar a noção de "pátria grande" que Darcy Ribeiro herda de Simon Bolívar e as subalternizações não ditas, porém contidas, em tal ideia, de modo a estabelecermos diálogos possíveis, ainda que preliminares, com os desafios que se impõem na cooperação entre Estados-Nação.