Paper short abstract:

O processo modernizador do Desenvolvimento proporciona à mulher guineense um lugar artificial nas intervenções, que contrasta com um contexto pouco favorável à sua afirmação, onde predomina a transversal cultura di machundadi.

Paper long abstract:

O Desenvolvimento (e o seu projeto modernizador) é uma indução cuidadosa e forçada, não espontânea sob o ponto de vista da prática colectiva, que interfere e condiciona a dinâmica das sociedades onde intervém, não sendo um processo pacífico, pois tende a implicar ruptura e descontinuidade.

Os projetos, sejam eles de iniciativa endógena ou exógena, são normalmente levados a cabo tendo como motores determinadas lógicas de funcionamento, quer discursivas quer instrumentais. Estas lógicas têm a ver com os esquemas valorativos e referenciais dos seus promotores, entre estes as instituições financiadoras das intervenções.

A cultura di matchundadi - ou a cultura do macho e da virilidade - é apontada como uma das características marcantes da sociedade guineense e é vista como um obstáculo à paz e à pacificação das relações sociais e culturais no país, pois a força, o poder, o orgulho e a coragem de ser macho e da valorização do músculo enformam ainda hoje em dia uma sociedade em constantes conflitos internos.

A mulher guineense, ao entrar no processo modernizador do Desenvolvimento, encontra um lugar (artificial) no projeto, inserido no seu contexto (real) que não é - ou não tem sido - favorável à sua afirmação. Querendo alterar o posicionamento da mulher de acordo com padrões de modernidade, as intervenções para o desenvolvimento podem gerar conflitos de Género.