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O artigo analisará os caminhos e ações da população negra do Rio de Janeiro durante os Carnavais da Primeira República (1889-1930), festa eleita por muitos descendentes de escravos como espaço para expressar projetos e buscar cidadania. A análise incluirá tal processo no contexto do Atlântico Negro.

Paper long abstract:

Este artigo pretende analisar os caminhos e ações da população negra do Rio de Janeiro durante os carnavais da Primeira República (1889-1930). Após a Abolição da Escravidão e a Proclamação da República, respectivamente em 1888 e 1889, até o final da segunda década do século XX, o carnaval foi palco de intensas disputas materiais e simbólicas. Esse espaço foi eleito por significativa parcela da população descendente de escravos como caminho para expressar suas ambições e projetos de participação, auto representação e cidadania na capital federal da recente República brasileira. Entender a participação ativa desses sujeitos através do carnaval nos possibilita repensar os embates políticos e culturais durante a Primeira República, e visualizar a luta por cidadania como central nas ações cotidianas (em expressão da época, o termo cidadão estava "na ponta", ou seja estava na moda, na vanguarda). Estes objetivos serão constantemente pensados e analisados dentro de um contexto mais amplo: pretendo aproximar a atuação desses sujeitos durante o carnaval com o marco conceitual do Atlântico Negro. Logo, defendo que compreender a experiência carioca inserida nos processos comuns que marcaram a passagem do século XIX para o século XX em diversas áreas do Atlântico, onde a experiência da diáspora e da escravidão negra marcou a constituição social e cultural da população, é fundamental para a expansão do conhecimento histórico acerca da sociedade carioca.