Paper short abstract:

Esta comunicação analisará como aos projetos neocoloniais regionais africanis está associada a emergência de formas de nacionalismo branco, que ambicionavam edificar uma ‘Terceira África’ (Rhoodie, 1968), perpetuando a condição de dominação dos territórios de Angola e Moçambique.

Paper long abstract:

A cartografia de poder no extremo austral de África mostra que, em 1974, parte significativa da população branca no continente estava concentrada em Moçambique, Angola, África do Sul e Rodésia. Angola e Moçambique, juntamente com o Sudoeste Africano, constituiam uma zona tampão de segurança fundamental para os regimes minoritários brancos da Rodésia e da África do Sul.

Esta realidade complexa irá influenciar as alianças políticas e militares na região, assim como os processos de 'descolonização' e independência das colónias portuguesas de Angola e Moçambique. Uma análise mais profunda e detalhada destes processos desvela os embates fraturantes entre distintos projetos de independência e de descolonização de Angola e Moçambique - uns de cariz neocolonial, guiados pelos propósitos de manter os futuros países na esfera de influência de Portugal, assegurando assim, e em estreitas relações com as potências coloniais da região, a sua exploração capitalista; outros que pugnavam por independências efectivamente africanas com a indispensável transferência de soberania.

A presente comunicação procurará mostrar como aos projectos neocoloniais está associada a emergência de formas de nacionalismo branco que almejavam perpetuar a dominação na região. Esses projectos serão analisados à luz dos jogos regionais, os quais ambicionavam edificar uma 'Terceira África', sob o jugo do poder branco. Esta comunicação dará particular realce às formas pelas quais a estes ensejos neocoloniais se aliam importantes não projetos e relações do capitalismo internacional, desempenhando, a este nível, um papel de relevo não só as potências coloniais da região, mas também os interesses do capital do Ocidente.